sábado, 25 de abril de 2009
O que aconteceu ao inferno de fogo?
O que aconteceu ao inferno de fogo?O QUE lhe vem à mente quando ouve a palavra “inferno”? Acha que o inferno é um lugar literal de fogo e enxofre, de interminável tormento e angústia? Ou talvez seja a descrição simbólica duma condição ou situação?Já por séculos, líderes religiosos da cristandade têm achado que o inferno ardente é o destino certo dos pecadores. Esta idéia ainda é popular entre muitos outros grupos religiosos. “A cristandade pode ter transformado a palavra inferno numa expressão corriqueira”, diz a revista U.S.News & World Report, “mas ela não detém o monopólio da doutrina. A ameaça de um castigo doloroso na vida após a morte tem equivalentes em quase todas as grandes religiões do mundo e também em algumas menores”. Hindus, budistas, muçulmanos, jainistas e taoístas acreditam em algum tipo de inferno.Segundo a concepção moderna, porém, o inferno ganhou outra imagem. “Embora a idéia tradicional do inferno ainda atraia adeptos”, declara a revista já mencionada, “têm surgido alguns conceitos modernos de que a perdição eterna seja um confinamento solitário especialmente desagradável, sugerindo que o inferno, afinal, talvez não seja tão quente”.A revista jesuíta La Civiltà Cattolica observou: “É enganoso . . . pensar que Deus use demônios para causar temíveis tormentos — como o de fogo — aos condenados.” Acrescentou: “O inferno existe, não como um lugar, mas como uma condição, um estado da pessoa que sofre a dor de estar apartada de Deus.” O Papa João Paulo II disse em 1999: “Em vez de o inferno ser um lugar, ele indica a condição dos que deliberada e definitivamente se separam de Deus, a fonte de toda a vida e alegria.” Sobre as imagens do inferno como lugar de fogo, ele disse: “Elas mostram a completa frustração e o vazio da vida sem Deus.” Se o papa tivesse descrito o inferno como um lugar em que há “chamas e o Diabo de roupa vermelha e com um forcado na mão”, disse o historiador eclesiástico Martin Marty, “as pessoas não o teriam levado a sério”.Mudanças similares têm ocorrido em outras denominações religiosas. Um relatório da comissão de doutrina da Igreja Anglicana disse: “O inferno não é um tormento eterno, mas é a derradeira e irrevogável escolha dum modo de vida que é oposto a Deus de forma tão completa e absoluta, que o único fim é a total inexistência.”O catecismo da Igreja Episcopal dos Estados Unidos define o inferno como “morte eterna por rejeitarmos a Deus”. A U.S.News & World Report diz que um crescente número de pessoas está promovendo a idéia de que “o fim dos perversos é a destruição, não o sofrimento eterno. . . . [Elas] afirmam que os que definitivamente rejeitam a Deus simplesmente serão eliminados da existência no ‘fogo consumidor’ do inferno”.Embora a tendência moderna seja rejeitar a idéia de fogo e enxofre, muitos ainda se apegam à crença de que o inferno é um lugar literal de tormento. “As Escrituras falam claramente do inferno como lugar físico de tormento ardente”, diz Albert Mohler, do Seminário Teológico Batista do Sul, em Louisville, Kentucky, EUA. E o relatório de The Nature of Hell (A Natureza do Inferno), preparado pela Comissão da Aliança Evangélica, declara: “O inferno é uma percepção consciente de rejeição e tormento.” Acrescenta: “Há graus de punição e de sofrimento no inferno relacionados com a severidade dos pecados cometidos na Terra.”Novamente, é o inferno um lugar ardente de tormento eterno ou de aniquilamento? Ou é simplesmente uma condição de separação de Deus? O que realmente é o inferno?Uma breve história de inferno de fogoQUANDO foi que os professos cristãos adotaram a crença num inferno de fogo? Foi bem depois da época de Jesus Cristo e dos seus apóstolos. “Apocalypse of Peter ([Apocalipse de Pedro] do 2.° século EC) foi a primeira obra cristã [apócrifa] a descrever a punição e as torturas de pecadores no inferno”, declara a Encyclopædia Universalis francesa.Justino, o Mártir, acreditava que o inferno era um lugar de fogoNo entanto, os primeiros Pais da Igreja discordavam na questão do inferno. Justino, o Mártir, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Cipriano acreditavam que o inferno era um lugar de fogo. Orígenes e o teólogo Gregório de Nissa achavam que o inferno era um lugar de separação de Deus — de sofrimento espiritual. Agostinho de Hipona, por outro lado, sustentava a idéia de que o sofrimento no inferno era tanto espiritual como físico — conceito que passou a ser aceito. “Por volta do quinto século a rigorosa doutrina de que os pecadores não terão uma segunda oportunidade após a vida, e que o fogo que os devorará jamais se extinguirá, prevalecia em toda a parte”, escreveu o Professor J. N. D. Kelly.Agostinho de Hipona ensinava que o sofrimento no inferno era spiritual e físicoNo século 16, reformadores protestantes tais como Martinho Lutero e João Calvino entenderam que o tormento ardente do inferno simbolizava passar a eternidade separado de Deus. No entanto, a idéia de o inferno ser um lugar de tormento ressurgiu nos dois séculos seguintes. O pregador protestante Jonathan Edwards costumava aterrorizar o coração dos colonos americanos no século 18 com a descrição vívida do inferno.Pouco depois, porém, as chamas do inferno começaram a diminuir lentamente. “O inferno quase morreu no século 20”, declara a revista U.S.News & World Report.
O que é mesmo o inferno?NÃO importa que idéia a palavra “inferno” lhe dê, em geral acredita-se que o inferno seja um lugar de punição pelo pecado. Referente ao pecado e ao seu efeito, a Bíblia diz: “Por intermédio de um só homem entrou o pecado no mundo, e a morte por intermédio do pecado, e assim a morte se espalhou a todos os homens, porque todos tinham pecado.” (Romanos 5:12) As Escrituras dizem também: “O salário pago pelo pecado é a morte.” (Romanos 6:23) Visto que a punição pelo pecado é a morte, a questão básica para se saber o verdadeiro significado de inferno é: O que acontece conosco quando morremos?Será que de alguma forma a vida continua após a morte? O que é o inferno e que tipo de pessoas vão para lá? Existe alguma esperança para os que estão no inferno? A Bíblia dá respostas verdadeiras e satisfatórias a estas perguntas.Há vida após a morte?Será que algo dentro de nós, tal como uma alma ou um espírito, sobrevive à morte do corpo? Considere como o primeiro homem, Adão, chegou a ter vida. A Bíblia declara: “Jeová Deus passou a formar o homem do pó do solo e a soprar nas suas narinas o fôlego de vida.” (Gênesis 2:7) Embora a respiração lhe sustentasse a vida, pôr “o fôlego de vida” nas suas narinas envolvia muito mais do que apenas soprar ar nos seus pulmões. Significava que Deus pusera no corpo inanimado de Adão a centelha da vida — “a força da vida”, que está ativa em todas as criaturas terrestres. (Gênesis 6:17; 7:22) A Bíblia chama esta força animadora de “espírito”. (Tiago 2:26) Este espírito pode ser comparado à corrente elétrica que aciona uma máquina, ou um aparelho, e possibilita seu funcionamento. Assim como a corrente elétrica nunca assume os aspectos do equipamento que aciona, a força da vida não assume nenhuma das características das criaturas que ela anima. Não tem personalidade, nem capacidade de raciocínio.O que acontece com o espírito quando a pessoa morre? O Salmo 146:4 diz: “Sai-lhe o espírito, ele volta ao seu solo; neste dia perecem deveras os seus pensamentos.” Quando alguém morre, seu espírito impessoal não continua a existir em outro domínio como criatura espiritual. Ele “retorna ao verdadeiro Deus que o deu”. (Eclesiastes 12:7) Isto significa que qualquer esperança de vida futura depende então inteiramente de Deus.Os antigos filósofos gregos Sócrates e Platão sustentavam que uma alma dentro da pessoa sobrevive à morte e nunca falece. O que ensina a Bíblia a respeito da alma? Adão “veio a ser uma alma vivente”, diz Gênesis 2:7. Ele não recebeu uma alma; era uma alma — uma pessoa inteira. As Escrituras falam de a alma trabalhar, almejar comer, ser raptada, passar em claro, e assim por diante. (Levítico 23:30; Deuteronômio 12:20; 24:7; Salmo 119:28) Na verdade, o próprio homem é uma alma. Quando alguém morre, esta alma morre. — Ezequiel 18:4.Qual é então a condição dos mortos? Ao sentenciar Adão, Jeová declarou: “Tu és pó e ao pó voltarás.” (Gênesis 3:19) Onde estava Adão antes de Deus o formar do pó do solo e lhe dar vida? Ora, ele simplesmente não existia! Quando Adão morreu, ele voltou àquela condição de total inexistência. A condição dos mortos é esclarecida em Eclesiastes 9:5, 10, onde lemos: “Os mortos nada sabem . . . Na sepultura, para onde você vai, não há atividade nem planejamento, não há conhecimento nem sabedoria.” (Nova Versão Internacional) Segundo a Bíblia, a morte é uma condição de inexistência. Os mortos não se apercebem de nada, não sentem nada e não têm pensamentos.Há tormento interminável ou uma sepultura comum?Visto que os mortos não têm nenhuma existência consciente, o inferno não pode ser um lugar de tormento de fogo, em que os iníquos sofrem após a morte. Então, o que é o inferno? Examinar o que aconteceu com Jesus depois de ele morrer ajuda a responder a esta pergunta. O escritor bíblico Lucas relata: “Nem foi [Jesus] abandonado no Hades [inferno, Figueiredo], nem viu a sua carne a corrupção.”* (Atos 2:31) Onde estava o inferno para o qual até Jesus foi? O apóstolo Paulo escreveu: “Eu vos transmiti . . . que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; e que ele foi enterrado, sim, que foi ressuscitado no terceiro dia, segundo as Escrituras.” (1 Coríntios 15:3, 4) De modo que Jesus estava no inferno, na sepultura, mas não foi abandonado ali, pois foi ressuscitado.Jó orou pedindo proteção no infernoConsidere também o caso do homem justo Jó, que sofreu muito. Querendo sair da aflição, suplicou: “Quem me dera que tu me protegesses no inferno [Seol] e me ocultasses até passar teu furor?”# (Jó 14:13, versão Douay) Como é desarrazoado pensar que Jó queria ir para um lugar de fogo para ser protegido! Para Jó, o “inferno” era simplesmente a sepultura, onde acabaria seu sofrimento. Portanto, o inferno bíblico é a sepultura comum da humanidade, para onde vão tanto os bons como os maus.Inferno de fogo é algo que consome tudo?Será que o fogo do inferno é simbólico duma destruição cabal, consumidora? Fazendo uma diferença entre o fogo e o Hades, ou inferno, as Escrituras dizem: “A morte e o Hades foram lançados no lago de fogo.” O “lago” mencionado aqui é simbólico, visto que a morte e o inferno (Hades) lançados nele não podem literalmente ser queimados. “Este [lago de fogo] significa a segunda morte” — morte da qual não há esperança de se voltar a viver. — Revelação (Apocalipse) 20:14.Geena ardente — símbolo de destruição eternaO lago de fogo tem um sentido similar ao da “Geena ardente [fogo do inferno, Figueiredo]” mencionada por Jesus. (Mateus 5:22; Marcos 9:47, 48) Geena ocorre 12 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs, e refere-se ao vale de Hinom, fora das muralhas de Jerusalém. Quando Jesus estava na Terra, este vale era usado como depósito de lixo, “onde se lançavam os cadáveres de criminosos, e as carcaças de animais, e toda outra espécie de imundície”. (Smith’s Dictionary of the Bible [Dicionário da Bíblia, de Smith]) Adicionava-se enxofre para manter o fogo acesso e queimar o lixo. Jesus usou este vale como símbolo da destruição eterna.Assim como a Geena, o lago de fogo simboliza a destruição eterna. A morte e o Hades são “lançados” nela no sentido de serem eliminados quando a humanidade for liberta do pecado e da condenação à morte. Pecadores deliberados e impenitentes também terão “seu quinhão” neste lago. (Revelação 21:8) Eles da mesma forma serão eliminados para sempre. Por outro lado, os que estão na memória de Deus, que estão no inferno — a sepultura comum da humanidade — terão um futuro maravilhoso.O inferno esvaziado!Revelação 20:13 declara: “O mar entregou os mortos nele, e a morte e o Hades entregaram os mortos neles.” Na realidade, o inferno bíblico será esvaziado. Conforme Jesus prometeu, “vem a hora em que todos os que estão nos túmulos memoriais ouvirão a sua voz [a de Jesus] e sairão”. (João 5:28, 29) Embora atualmente não existam em nenhuma forma, milhões de mortos que estão na memória de Jeová Deus serão ressuscitados, ou trazidos de volta à vida, num paraíso terrestre restaurado. — Lucas 23:43; Atos 24:15.No novo mundo de Deus, os humanos ressuscitados que acatarem as leis justas dele nunca mais terão de morrer. (Isaías 25:8) Jeová “enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor”. De fato, ‘as coisas anteriores já terão passado’. (Revelação 21:4) Que bênção aguarda os que estão no inferno — “nos túmulos memoriais”! Esta bênção deveras é motivo suficiente para absorvermos mais conhecimento de Jeová Deus e de seu Filho, Jesus Cristo. — João 17:3.‘Os que estão nos túmulos memoriais sairão’* Na versão de Antônio Pereira de Figueiredo, a palavra grega Hades é traduzida “inferno” em cada uma das dez ocorrências nas Escrituras Gregas Cristãs. A tradução de Lucas 16:19-31 menciona tormentos, mas o relato inteiro tem significado simbólico. Veja o capítulo 88 de O Maior Homem Que Já Viveu, publicado pelas Testemunhas de Jeová.# A palavra hebraica Seol ocorre 65 vezes nas Escrituras Hebraicas e é vertida “inferno”, “sepultura”, “sepulcro”, “terra”, “mundo invisível” e “enterrado” na versão Almeida, revista e corrigida.
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